domingo, 22 de novembro de 2009

Caderno de Confidências


Há alguns dias, por conta de uma postagem, novamente me senti na 7ª série. Mas, de uma maneira até divertida, que me remeteu aos cadernos de confidências. Eles circulavam nas salas de aula, com inúúúmeras perguntas e, pra finalizar, um "deixe uma recordação para mim".

Dos 10 aos 14 anos, eles eram a base para a galerinha aprontar altas confusões. Pois ALI você saberia quem estava na lista de pretês do moreno-alto-bonito-e-sensual (alguém pode ser isso aos 13 anos?). Quem encabeçava o ranking de melhores amigos & amigas da menina mais popular. E, na parte das recordações, dependendo das palavras usadas, você poderia alimentar ilusões, ler nas entrelinhas, etc... Dá pra chamar isso de mensagem subliminar, galerinha da PP?

Bom, eu nunca estava entre a lista de possíveis peguétis. Mas sempre fui a MELHOR AMIGA. Do moreno anteriormente citado, do menino de olhos verdes que imitava Michael Jackson, do que tinha a sexualidade questionada por todos, da menina que ficava HORAS & HORAS ao telefone chorando por ser gordinha e ter espinhas... E isso, estar entre as ++ do rol de amigos, me trazia
problemas. Porque era um PROBLEMÃO PARA UMA ADOLESCENTE DE 13 ANOS precisar listar quem eram OS SEUS melhores amigos. E a sequência que isso aparecia era determinante nas relações.

A verdade é que sempre me senti a MELHOR AMIGA. Já não vejo isso como uma fuga, um problema, algo ruim. Cheguei naquela idade em que a gente para de
punhetar questionar certas coisas e simplesmente as aceita. De qualquer forma, voltaemeia deparo-me com essa necessidade de que GOSTEM de mim. Tá, todo mundo sente isso, até aqueles que se dizem bem resolvidos/autossuficientes (acho que com a Reforma Ortográfica fica assim. Doeu na alma.). E, como meu problema é pensar demais (e talvez por resquícios dos cadernos de confidências), sempre vejo coisa onde NÃO TEM. E fico me sentindo como Baby Sauro (sim, o ser que ilustra essa postagem) com seu bordão "Você TEM QUE me amar!".

No fundo, como diriam aqueles ingleses lá: All You Need Is Love.

7 comentários:

  1. mas eu tenho (tive, acho que envelheci e me cansei de sentir assim) essa coisa... não é que a gente precisa ser amada, a gente precisa é ser comida. sério.
    eu era a pop da escola, a amigona, uma cheerleader de filme americano - que não era gostosa e loira. aí que dava a bosta. tão popular, mas nunca pra comê, entende.
    e é essa a diferença que pega: as pessoas nos amam, mas não da maneira copulativa que a gente queria, pra se sentir boa, gostosa, peituda e bunduda.
    e eu senti isso por horas e horas no saláum! era uma merda ser a querida-amiga de TODOS os seres da escola, femininos e masculinos. (cagava pras femininas, porque é bom ter amigas, mas como eram essas putas que pegavam os outros, porque elas eram gostosas e eu não, nem me importava de verdade).
    mas com os masculinos era triste. não que eu quisesse todos pra mim, mas dentre os todos sempre tinha um... que me via tão amigona-irmã quanto os outros.
    ENFIM, terapia.
    é uma bosta. a gente quer se sentir desejada, de verdade. amada, de verdade. própria-pra-ser-comida, de verdade. e se engana atrás da 'melhor amiga' porque é, ao menos, uma maneira de ficar perto de quem a gente gosta, torcendo pro dia do 'plim' quando, finalmente, alguém vai nos enxergar...

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  2. Eu nem gosto de comentar no meu próprio Blog, mas Quéroul ME OBRIGA a colocar aqui, algo que ia pra postagem:

    Arthur Abbott: Iris, in the movies we have leading ladies and we have the best friend. You, I can tell, are a leading lady, but for some reason you are behaving like the best friend.
    Iris: You're so right. You're supposed to be the leading lady of your own life, for god's sake! Arthur, I've been going to a therapist for three years, and she's never explained things to me that well. That was brilliant. Brutal, but brilliant.


    Do filme The Holiday/ O Amor não tira férias.
    Sem mais.

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  3. já entrei na maior confusão por causa de um caderno de confidências desses. Declarei o interesse por um carinha, meu então namorado leu e ai já viu: merda no ventilador. Quer dizer, além de volúvel, pouco esperta.
    Quanto a ser a confidente e melhor amiga, até que é um papel bastante confortável. Pena que minha paciência sempre esgotava rápido.

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  4. As meninas nunca me davam aquele caderno para eu responder as perguntas, talvez eu não era bonito suficiente !!! {:0(

    Mas tudo bem, eu nem queria mesmo, a vida pop não me agrada ...

    ROCK AND ROLL !!!

    Bj

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  5. Eu acho que essa coisa de ser comível é muito da postura tbm (olha o tópico se prolongando em outras discussões).

    Uma vez, no orkut (nerd mode on) tinha uma que todo mundo cantava, chamava de linda, elogiava e eu olhava aquilo e não entendia o porquê - ela não era essas coisas todas. Um dia questionei um desses que super-elogiava a criatura, dizendo que ele e todos cantavam e eram meio a fim dela e tal. Ele ficou indignado, e disse que fazia isso porque ELA gostava.

    Aí quem ficou meio puta fui eu. ELA gostava? Todo mundo gosta de ser elogiada, cantada, chamada de linda! Por algum motivo que desconheço, os homens acham que só algumas de nós gostam. E não sei o que elas fazem pra dar a entender isso e serem correspondidas.

    Pronto, desabafei.

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  6. ... e conheci esse tal de "formspring.me" de que tanto tem se falado ultimamente e concluí, arriscando a errar, mas por pouco: é a reedição – ou "remake", pra ficar mais chique? – daqueles cadernos, não?

    Em tempo: não embarquei nessa. Pelo menos por enquanto...

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