sábado, 27 de junho de 2009

Homem no Espelho


A casa bege, de janelas marrons, não tinha muros ou portão. Os eletrodomésticos (e a grana) eram escassos e só tínhamos uma Tv. Mas, foi com a chegada dele, o fusquinha verde, que passei a ter um contato mais intenso com música. Eu devia ter uns 6 anos, talvez menos. E ali, no som do carro, ouvia RPM, Madonna, Cindy Lauper e, claro, Michael Jackson. Minha fonte eram as rádios da cidade (que eram duas ou três, no máximo) e algumas fitas do meu pai.

Para quem nasceu entre as décadas de 70 e 80 é impossível não sentir que algo se foi, no dia 25 de junho de 2009. Mesmo muito tempo depois do estouro de Thriller, tive minha adolescência embalada por hits de MJ. Foi através de um dos meus melhores amigos na época (que hoje é médico, provavelmente está casado e nem se lembra de nossas peripécias) que mergulhei no universo do Rei do Pop. Smooth Criminal foi a música escolhida para fazermos uma apresentação em um Festival de Dublagem do colégio que estudávamos. Eram competições acirradíssimas que depois ganharam status de super produções (dentro das possibilidades de adolescentes do interioR, claro) e que aconteciam ano sim/ano não. Embora não tenha mais contato com muita gente daquela época, sou capaz de apostar que todos que viveram aquela fase meio dourada, meio dark, lembraram-se do Eduardo e do Moon Walk, que ele imitava com perfeição.

Mas, foi por Man in the Mirror que me apaixonei. E, após os ensaios, sempre ouvíamos a música e até coreografia fazíamos. Hoje, depois de 15 anos, fui procurar a letra. E concluí que, no mundinho depressivo e que causava tanta repulsa em que Michael afundou-se nos últimos anos, alguém, em algum momento deveria ter ligado na faixa 7 e deixar no repeat, como fazíamos em 1994:


I'm starting with the man in the mirror
I'm asking him to change his ways
And no message could have been any clearer
If you wanna make the world a better place
Take a look at yourself, and then make a change
(Na na na, na na na, na na, na nah)

I've been a victim of a selfish kind of love
It's time that I realize
That there are some with no home, not a nickel to loan
Could it be really me, pretending that they're not alone

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Tolerância Zero?


Não sei se estou numa fase "Seu Saraiva", mas algumas coisas que antes eram irrelevantes passaram a me irritar de uma maneira bastante efusiva. A que mais constantemente aparece nos meus surtos de "PUTAQUEPARIU humanidade, tá foda ein?" é como sinceridade virou desculpa pra tudo. Inclusive pra ser grosseiro ou insensato em demasia.

Eu não sou um exemplo de delicadeza e traquejo social. Mas deixei meu lado Shrek um pouco de lado há um bom tempo. Pelejei pra aprender que pra dizer o que se pensa, expressar a opinião, "ser sincero" nem sempre é preciso comportar-se como o último modelo da New Holland. O que não significa que não tenha acessos e acabe sendo excessivamente sarcástica em algumas situações (o que confunde alguns, sei que é difícil acompanhar minha ironia :-).

A verdade é que a maneira como determinadas pessoas tendem a expressar seus pontos de vista acaba me atingindo mais que o aceitável. E isso, claro, vai depender do assunto em questão. Um exemplo: você odeia cachorros? Ok, respeito, nem todo mundo gosta. Eu não gosto de gatos, por exemplo. Mas não vou ficar gritando isso aos 4 cantos, até porque tenho amigas que adoram bichanos e respeito isso. Homofobia então... Já me fez comprar
boas brigas... Aliás, preconceitos de qualquer origem me tiram do sério.

O que mais me surpreende (sim, os seres humanos ainda conseguem essa façanha comigo) é que esse tipo de atitude meio mesquinha, meio notionless, parte de pessoas que deveriam saber respeitar as tais diferenças, já que elas são alvo da intolerância maldosa. Dá pra chamar isso de ironia?



segunda-feira, 22 de junho de 2009

Diretamente, da terra da marmota



Se há 3 meses você me perguntasse o que eu estava planejando, a resposta estava na ponta da língua. Porém, parece que deus é um cara gozador e adora brincadeira. Tenho uma "mania" de querer planejar tudo e ser extremamente organizada com as coisas. Lógico, algumas não saem como quero ou, nem saem. Minha mala (já que continuo sem guarda-roupa) começou a ficar bagunçada novamente. E, como boa preguiçosa que sou, vou me "aclimatando" ao status quo e deixando como está.

Quando eu tinha 14 anos, fui ao cinema assistir Entrevista com o Vampiro. O filme mexeu muito comigo. Absorvi toda aquela aura depressiva e entrei de cabeça, pela primeira vez, nesse "processo" que me acompanha desde então. Desisti de Medicina e vi que meu negócio era muito mais pro lado das artes e afins do que pra lutar contra aquele tal cara gozador que citei no parágrafo anterior. Rodopiei entre Publicidade, Cinema, Serviço Social (!) e acabei no Jornalismo. Diploma que possuo e que, para os abutres do STF, não serve pra nada.

Nessas rodopiadas, começava a leitura (não concluída, CLARO) de O Apanhador no Campo de Centeio e lá fui eu, mais uma vez, ao cinema. A bola da vez foi Beleza Americana (que pra mim tem como cena mais emblemática Kevin Spacey tendo "o ponto alto do seu dia" embaixo do chuveiro e não a loirinha no meio das pétalas de rosa). O estrago foi grande. Interrompi o 2º ano de um curso superior, voltei pra cidade que sempre odiei (por acaso, onde nasci) e cursei os 4 anos de Comunicação Social. Fui boa aluna - com alguns ataques da famigerada preguiça - e muitos apostavam que eu seria uma espécie de estrela do Jornalismo estadual, quiçá do nacional! Se eu tivesse essa fé em mim que alguns tem, certamente minha vida profissional seria diferente.

Nesse último mês, fui muito à locadora. Talvez numa tentativa desesperada de assistir algum filme que me diga aquilo que, claro, já estou cansada de saber. Assim como foi das outras vezes. Nessa última leva, estou apostando em Ratatouille.




domingo, 7 de junho de 2009

Comendo Marmelada

Sou uma pessoa muito musical. Chega a ser adolescente minha capacidade em associar pessoas e situações a músicas. Alguns merecem até um CD inteiro. Tudo isso acompanhado de chorar escorregando na porta e todos os clichês baratos que envolvem cenas (in)dignas de mais um capítulo de Malhação.

Mas hoje, ouvindo mais uma vez o primeiro cd da Maria Rita (que tem dono e tudo mais) cheguei a conclusão que Cara Valente, a música que já atribuí a tantas pessoas, é, na verdade, minha.



E, pra quem não tem saco pra Youtube (como eu, muitas vezes) a letra tá aqui ó!